Desde pequena, me lembro que já tinha uma veia esportiva muito latente. Aos sete anos comecei na natação por causa de uma bronquite. Quando tinha 15 anos, iniciei no biathlon, esporte que alia corrida e natação. Percebendo o meu potencial aos 15 anos, minha mãe presenteou-me com uma bike, justamente aquele incentivo que me faltava para iniciar no triathlon.
Em 1996, me inscrevi no Triathlon Internacional de Santos (categoria 17-19 anos) e venci a competição. Depois disputei o Troféu Brasil de Triathlon e outras provas similares na época, além de ter feito parte da Seleção Santista de Ciclismo e conquistado a medalha de prata nos Jogos Abertos do Interior, em 2000.
No começo da vida adulta, precisei fazer uma pausa na carreira por causa de um acidente de bike. Aí vieram a faculdade, o trabalho e o desânimo pela falta de incentivo no esporte. Nesse hiato de quase dez anos, me formei em Publicidade e Propaganda, fiz pós-graduação em Marketing Esportivo, casei e tive dois filhos, Marcela (10) e Rogério (8), a quem dediquei 100% do meu tempo durante esses anos.
E foram eles que, no final de 2012, despertaram novamente o meu amor pelo esporte. Eles haviam crescido e, portanto, queria dar um exemplo bacana para que tivessem orgulho da mãe. Pensei em algo que poderia fazer com excelência e veio o esporte. Acredito que só existe uma maneira de ensinar os filhos: com “exemplo”.
No início, sinceramente não achava que alcançaria o alto rendimento que o triathlon exige devido às tarefas do dia a dia, mas a maturidade que eu adquiri ao longo dos anos contribuíram muito para me manter o foco e definir claramente os meus objetivos. Hoje sei exatamente o que quero. Tenho a noção de que inspiro meus filhos e minha família, sentimento que me motiva a ser cada vez melhor.
E para alcançar minhas metas, divido minhas atividades diárias de acordo com as prioridades. Primeiro os filhos, a casa, o trabalho, os treinos e o restante eu encaixo no tempo que me resta. Além disso, divido minhas metas nos 12 meses do ano. Em alguns deles, foco intensamente nos treinos e, em outros, dou prioridade à família e à vida social.
Em época de competição, treino em média de duas a três horas por dia. Contudo, dependendo da necessidade, tenho que me dedicar em até dez horas ou mais, com treinos de natação, bike e corrida na academia ou na orla da praia de Santos (SP), minha cidade natal e onde moro até hoje.
Também tenho o hábito de pedalar na estrada ou até mesmo viajar para o interior, onde posso fazer treinos com subidas e descidas, dependendo do objetivo de prova.
Entre as minhas principais conquistas na carreira, sou Bicampeã Geral do Ironman Brasil Fortaleza 2014 – 2015 (amadora); Campeã do Brasileiro de Longa Distância em João Pessoa (geral amadora e 35-39 anos); Campeã do Triathlon Internacional de Santos 2015 (35-39 anos); Campeã do Ironman Brasil Florianópolis 2015 (35-39 anos) e melhor brasileira no Campeonato Mundial de Ironman/Havaí 2015.
Outro detalhe importante. Quando voltei às competições, também tive que dividirmeu tempo com um novo trabalho: o de empresária no ramo do transporte escolar, segmento que acabo de dar lugar a um novo desafio de palestrar para empresas que necessitam de estímulos nas áreas de vendas e motivação para seus colaboradores.
Acredito que minha história de vida seja muito proveitosa para muitas pessoas, principalmente mulheres, que ainda sofrem grande pressão da sociedade e acabam anulando seus sonhos.
Enfim, encontrei no esporte uma forma de expressar meus sentimentos, de me sentir bem, feliz e importante. Isso alimenta a minha alma e mostra caminhos, seja no esporte, na música ou na dança. Encontrar-se na vida como pessoa é uma escolha certeira, um caminho para a melhora do ser humano e, por isso,desejo ajudar as pessoas a encontrarem seus caminhos.